O governador Cláudio Castro afirmou que estão previstas cerca de dez novas operações policiais de grande porte no estado do Rio de Janeiro, semelhantes à ação realizada nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em 121 mortes e 99 prisões na semana passada.
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De acordo com o governador, as próximas operações devem ocorrer em comunidades com forte presença de grupos criminosos, como a Rocinha, a Cidade de Deus, o Complexo da Maré e o Complexo de Israel — formado pelas comunidades de Vigário Geral, Parada de Lucas e Cidade Alta. Todas essas ações já teriam autorização judicial.
Além das megaoperações, o governo prepara incursões diárias em regiões da Zona Sudoeste e da Baixada Fluminense, com o objetivo de remover barricadas instaladas por facções criminosas. Já em dezembro, comunidades na área de Jacarepaguá devem receber ocupações policiais permanentes.
O secretário de Segurança Pública, Victor dos Santos, evitou antecipar quais favelas serão alvo das próximas operações, mas afirmou que os inquéritos sobre as lideranças do crime organizado nessas regiões estão em fase avançada.
Ao ser questionado sobre a Rocinha, Santos reconheceu que a comunidade apresenta características semelhantes às dos complexos do Alemão e da Penha, como a presença de grandes organizações criminosas e a função de entreposto de drogas. Segundo ele, cerca de 800 traficantes atuam na favela, divididos em áreas controladas por diferentes chefes ligados ao Comando Vermelho.
O secretário também destacou a importância de ações voltadas ao rastreamento de recursos financeiros das facções. Em reunião com o secretário nacional de Segurança Pública, Mário Sarrubbo, ficou acordado o envio de analistas federais para reforçar as investigações sobre lavagem de dinheiro e contrabando de armas, especialmente fuzis.
— Aquela operação tinha um objetivo diferente — explicou Santos. — Eram criminosos, chefes do tráfico do Ceará, que estavam na Rocinha e chegaram a influenciar na eleição municipal de lá. Trabalhamos de forma articulada. Demos suporte e protegemos os promotores do Ceará, que constataram o edifício que funcionava como bunker dos criminosos.
Paralelamente às operações policiais, o governo estadual prepara um plano de “reocupação territorial” de comunidades, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da ADPF das Favelas — ação que busca reduzir a letalidade policial no Rio. O estado deve apresentar o plano até o dia 20 de dezembro.
As comunidades da Gardênia Azul, Muzema e Rio das Pedras, na região de Jacarepaguá, foram priorizadas para essa etapa inicial. Trinta secretarias estaduais, além de órgãos como o Gabinete de Segurança Institucional, a Controladoria e a Procuradoria-Geral do Estado, foram convocadas a apresentar informações sobre equipamentos públicos e projetos sociais nessas localidades.
Essas comunidades, historicamente dominadas por grupos paramilitares, têm sido palco de disputas recentes com o tráfico. Gardênia Azul e Muzema teriam passado para o controle do Comando Vermelho, enquanto Rio das Pedras segue sob influência de milicianos.
Para coordenar o planejamento, a Secretaria de Segurança publicou, no Diário Oficial de segunda-feira (3), uma resolução que cria um grupo de trabalho com duração inicial de 60 dias, prorrogáveis por igual período, responsável por elaborar e monitorar o Plano de Recuperação Territorial.