A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (10) a Operação Antracito, que apura suspeitas de irregularidades em contratos firmados entre prefeituras do Rio de Janeiro e a organização social Prima Qualita Saúde. Os acordos, celebrados entre 2022 e 2024 para a gestão de serviços do Sistema Único de Saúde (SUS), somam cerca de R$ 1,6 bilhão.
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Auditorias da Controladoria-Geral da União (CGU) e do Tribunal de Contas do Estado do Rio (TCE-RJ) apontaram falhas como ausência de critérios objetivos na escolha da entidade, falta de comprovação de serviços prestados e contratações direcionadas — inclusive de empresas recém-criadas. Do total, pelo menos R$ 91 milhões têm origem em recursos federais.
A PF cumpriu 16 mandados de busca e apreensão em sete municípios fluminenses: Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, Saquarema, Rio Bonito, Santa Maria Madalena e Cachoeiras de Macacu. Os nomes dos investigados não foram divulgados.
A investigação teve início na Delegacia da PF em Macaé e envolve contratos de diferentes prefeituras, incluindo Duque de Caxias, São Gonçalo, Arraial do Cabo, Saquarema, Cachoeiras de Macacu, Santa Maria Madalena, Cordeiro e Quissamã. Os alvos poderão responder por peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Em São Gonçalo, o então secretário de Saúde Gleison Rocha da Silva, que assumiu o cargo em novembro de 2022, teve como sócio em um estacionamento — que funcionaria apenas em uma sala sem espaço sequer para motos — o empresário Luiz Cesar Faria Alonso Junior. Pouco tempo depois, Alonso foi beneficiado por contratos milionários.
Uma das contratações ocorreu por meio da empresa Report & Tech 2 Consultoria Médica, registrada em um endereço comercial simples, sem identificação no local. A companhia foi contratada pela Prima Qualita Saúde para atuar na UPA Pacheco, em São Gonçalo, em contrato inicial de R$ 5,5 milhões, posteriormente renovado, totalizando R$ 11 milhões.
Outra organização social, a InSaúde, também contratou a empresa de Alonso para serviços no Pronto Socorro Central e na UPA Santa Luzia, por cerca de R$ 3 milhões. Parte desses repasses ocorreu quando ele e o secretário ainda eram sócios no estacionamento.
Em outro caso, levantado pelo RJ1 em 2019, a Prima Qualita Saúde firmou contrato de R$ 1,5 milhão com uma empresa criada apenas quatro dias antes da assinatura. As sócias eram funcionárias da própria organização social, situação considerada irregular pelo TCE.