Investigações da Polícia Civil indicam que traficantes de outros estados têm se mudado para o Rio de Janeiro em busca de status e de um estilo de vida marcado pela ostentação e pela influência exercida pelas facções cariocas. Segundo o delegado Fernando Tomaz, do Departamento Estadual de Combate ao Narcotráfico de Minas Gerais (Denarc-MG), a migração está ligada ao desejo desses criminosos de adotar o mesmo padrão de luxo e visibilidade observado entre líderes do tráfico no estado.
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“Os traficantes de fora querem ostentar uma vida de luxo e de poder como fazem os cariocas. A gente, em Minas, já apreendeu celular com foto de traficante mineiro em baile funk no Vidigal. Eles aparecem segurando arma, usando roupa de marca, sempre com vista para a praia. É um comportamento recente, que começou quando a migração pro Rio e o relacionamento entre os estados se estreitaram, afirmou o delegado.” Ele explica que esse comportamento se intensificou nos últimos anos, acompanhando o estreitamento das relações entre facções de diferentes estados.
As investigações apontam que alguns dos complexos de favelas do Rio têm servido como refúgio e ponto de apoio para traficantes vindos de fora. Durante uma operação da Polícia Civil na Vila Cruzeiro, no Complexo da Penha, em dezembro do ano passado, os agentes encontraram uma casa de luxo que seria usada por integrantes do tráfico. O imóvel possuía área gourmet, churrasqueira, piscina e banheira de hidromassagem — características associadas ao estilo de vida ostentado por criminosos da região.
Situação semelhante foi identificada na Rocinha, onde ações conjuntas das polícias civis do Rio e do Ceará localizaram, em junho deste ano, uma mansão com piscinas aquecidas, cascata, academia, sinuca e deck panorâmico. Segundo as investigações, o imóvel era utilizado por Anastácio Paiva Pereira, conhecido como Doze ou Paizão, apontado como integrante do alto escalão do Comando Vermelho (CV) no Ceará.
Além da Rocinha e da Penha, os complexos do Alemão e da Maré são considerados bases estratégicas da facção, com forte aparato bélico, bunkers e sistemas de vigilância capazes de monitorar a movimentação policial.
De acordo com o promotor Fabio Corrêa, do Ministério Público do Rio, as condições estruturais dessas comunidades e a presença consolidada das facções têm atraído criminosos de diversos estados.
– As facções do Rio conseguiram desenvolver um domínio territorial tão forte que estimularam a vinda de bandidos de outros estados. Eles sabem que há uma dificuldade muito maior de sofrer repressão policial nessas áreas. É uma situação que, ao mesmo tempo em que gera em nós sensação de insegurança, proporciona a eles uma sensação de segurança.