Organizações criminosas do Rio têm usado redes sociais para ampliar sua influência e recrutar adolescentes. Um dos casos é o de X., de 14 anos, que passou a interagir com perfis ligados à Tropa do Urso, grupo associado ao Comando Vermelho (CV). Após esse contato, o jovem começou a frequentar comunidades da Penha e do Alemão. Ele foi um dos 117 mortos na megaoperação policial, e a Polícia Civil identificou vínculos dele e de outras vítimas com o CV por meio de postagens.
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Segundo o subsecretário de Inteligência Pablo Sartori, o CV tem adotado, nos últimos anos, uma estratégia de marketing nas redes, exibindo armas, carros de luxo e símbolos de status para atrair simpatizantes. As polícias Civil e Militar monitoram perfis que fazem apologia ao crime e enviam relatórios para abertura de inquéritos.
“Organizações criminosas como o Comando Vermelho buscam projetar, para além de seus territórios, uma imagem positiva de liberdade e de vida de luxo. Criminosos posam em motos e carros caros roubados, vendendo a falsa ideia de que o tráfico é a única forma de mudar de vida. E, quando morrem, recebem homenagens como “saudades eternas”, para reforçar a narrativa de que não foram esquecidos e de que o tráfico se importa com seus mortos, que não seriam pessoas más. É um marketing direcionado à sociedade.
Perfis usados por jovens envolvidos em crimes costumam utilizar termos como “bebel” e referências aos artigos de furto e roubo. Investigações apontam que criminosos exibem celulares e joias furtadas, e algumas prisões já ocorreram após identificação desses conteúdos.
Levantamento identificou contas no Instagram e TikTok com milhares de seguidores e vídeos que mostram armas, muitas vezes editadas para driblar a moderação. Hashtags como “tropa do urso” são usadas para associar conteúdos ao CV e para incentivar ataques a facções rivais.
Especialistas alertam que o recrutamento de jovens ocorre por meio da promessa de dinheiro, poder e visibilidade. Famílias relatam dificuldades em conter a influência das redes. O pai de X. contou ter encontrado uma foto do filho com um fuzil meses antes de sua morte e tentou orientá-lo.
As plataformas afirmam adotar medidas para remover conteúdo que incentive atividades criminosas. TikTok e Meta confirmaram a exclusão de perfis identificados pela reportagem.