A sessão plenária desta quarta-feira na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) foi marcada por trocas de acusações e tensões entre deputados, após a divulgação de uma reportagem citando possíveis articulações relacionadas à sucessão do presidente afastado da Casa, Rodrigo Bacellar (União). Embora o presidente em exercício, Guilherme Delaroli (PL), tenha conduzido os trabalhos sem mencionar Bacellar, o tema dominou os bastidores e o debate parlamentar.
A situação ganhou destaque após a fala do deputado Tiago Rangel (Democratas), que participou de forma remota e afirmou que parlamentares ligados a Bacellar teriam procurado o governador Cláudio Castro para discutir uma eventual eleição na Alerj antes mesmo de uma decisão definitiva do ministro Alexandre de Moraes sobre o futuro do presidente afastado. Rangel classificou as articulações como um “velório político antecipado” e chegou a dizer que o movimento poderia ser interpretado como uma tentativa de “golpe de Estado”.
Atualmente, a presidência da Alerj só pode ser declarada vaga em casos de renúncia, perda de mandato ou morte. Mesmo sem definição oficial, diferentes grupos políticos já discutem nomes para uma possível sucessão, na tentativa de convencer Bacellar a renunciar para favorecer a eleição de um aliado.
Após as declarações de Rangel, o deputado Chico Machado (Solidariedade), citado pela reportagem como um dos possíveis articuladores, pediu a palavra e negou as acusações, classificando-as como manobras “mal-intencionadas”. Ele ressaltou que uma eventual renúncia é uma decisão pessoal e que não há imposições ao presidente afastado.
O clima de tensão aumentou com a manifestação do deputado Alexandre Knoploch (PL), que também negou qualquer articulação sobre sucessão. Ele afirmou ter se reunido recentemente com o governador para tratar de pautas administrativas e pediu que eventuais acusações fossem feitas de forma direta.
Nos bastidores, nomes como o próprio Chico Machado têm sido mencionados como possíveis candidatos em uma futura disputa. Outro grupo, formado por parlamentares aliados a Bacellar, também estaria analisando alternativas, embora integrantes do núcleo próximo ao presidente afastado neguem qualquer movimentação.
Apesar do esforço do líder do governo, Rodrigo Amorim (PL), para encerrar o impasse e retomar a pauta do dia, o assunto continuou repercutindo entre os parlamentares. A tensão ocorre em meio ao afastamento de Bacellar e à expectativa pelas decisões do Supremo Tribunal Federal, que poderão influenciar os próximos passos da Alerj.
Durante a sessão, Delaroli afirmou que a Casa seguirá funcionando normalmente e destacou que as atividades legislativas não serão interrompidas enquanto o impasse político permanece sem definição.