A faixa publicitária rebocada pela aeronave é uma das hipóteses consideradas como possível fator contribuinte para o acidente fatal ocorrido no mar, na orla da Zona Sul do Rio de Janeiro. Especialistas ressaltam, no entanto, que apenas as investigações conduzidas pelo Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) poderão determinar as causas da queda do monomotor.
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De acordo com Gerardo Portela, doutor em Gerenciamento de Riscos e Segurança pela Coppe/UFRJ, imagens do acidente indicam que a aeronave perdeu sustentação durante o voo. Segundo ele, o arrasto gerado pela faixa pode ter influenciado no desempenho do avião. Portela explica que esse tipo de equipamento impõe carga adicional ao motor, exigindo avaliação sobre a compatibilidade da faixa com a aeronave e com a potência disponível.
O acidente mobilizou equipes de resgate por cerca de duas horas e meia, até que o corpo do piloto Luiz Ricardo Leite de Amorim, de 40 anos, fosse localizado e resgatado pelo Corpo de Bombeiros. Segundo a Prefeitura do Rio, a empresa responsável pela aeronave, Visual Propaganda Aérea, não possuía licença para realizar a ação publicitária no dia do acidente e será autuada. Além da apuração do Cenipa, o caso também é investigado pela Polícia Civil.
Entre as possibilidades técnicas levantadas para a perda de sustentação — conhecida como estol — estão falhas no motor ou no sistema de controle da aeronave. Portela também destaca a importância de verificar o nível de treinamento e a experiência do piloto em voos com reboque de faixas publicitárias. Em situações de emergência, a liberação imediata da faixa é considerada fundamental para reduzir o arrasto e ampliar as chances de um pouso forçado controlado sobre a água.
O subprefeito da Zona Sul, Bernardo Rubião, que acompanhou as buscas, informou que as primeiras informações indicavam que o piloto realizava seu primeiro voo puxando faixa publicitária. A retirada da aeronave do fundo do mar ainda estava sendo planejada pela empresa responsável.
O acidente ocorreu pouco depois do meio-dia, entre os postos 3 e 4 da praia, na altura da Rua Santa Clara. Testemunhas relataram ter ouvido um forte estrondo antes da queda, seguida da liberação da faixa no mar. Apesar da presença de banhistas e embarcações na área, não houve outros feridos.
O Corpo de Bombeiros foi acionado às 12h34 e atuou com motos aquáticas, embarcações infláveis, mergulhadores e apoio aéreo. Investigadores do Cenipa chegaram ao local ainda durante a tarde e informaram que, após o içamento, a aeronave seria levada a uma marina para análise técnica detalhada.
Segundo a Força Aérea Brasileira (FAB), a aeronave tinha matrícula PT-AGB, mas até o momento não havia confirmação sobre autorização para o voo nas condições em que operava nem sobre a habilitação específica do piloto para a atividade. Em nota, a FAB ressaltou que as investigações do Cenipa têm caráter preventivo e não visam atribuir culpa, mas identificar fatores que contribuam para a segurança da aviação.
A prefeitura informou ainda que a Visual possui alvará para publicidade aérea, mas não havia solicitado autorização para a operação realizada no sábado. A Secretaria Municipal de Ordem Pública destacou que realiza fiscalizações regulares para coibir irregularidades.
Após o acidente, outras aeronaves que sobrevoavam a orla interromperam as atividades. O Corpo de Bombeiros localizou o monomotor e sinalizou a área com boias, enquanto a empresa ficará responsável pela reflutuação e transporte da aeronave.