A Polícia Federal prendeu, na manhã desta terça-feira, o desembargador Macário Judice Neto, relator do processo envolvendo Thiego Raimundo dos Santos Silva, conhecido como TH Jóias, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2). A informação foi divulgada pelo colunista Lauro Jardim.
A prisão ocorre no âmbito da segunda fase da Operação Unha e Carne, que investiga a atuação de agentes públicos suspeitos de vazamento de informações sigilosas sobre operações policiais. Segundo as investigações, esses vazamentos teriam contribuído para a obstrução de apurações relacionadas à Operação Zargun, deflagrada em setembro.
De acordo com informações divulgadas, os agentes da Polícia Federal cumpriram um mandado de prisão preventiva e dez mandados de busca e apreensão, expedidos pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). As ações ocorrem no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.
A operação está inserida no contexto das determinações do STF no julgamento da ADPF 635/RJ, conhecida como ADPF das Favelas, que atribuiu à Polícia Federal a condução de investigações sobre a atuação de grupos criminosos violentos no estado do Rio de Janeiro e suas conexões com agentes públicos.
Primeira fase da operação
Na primeira fase da Operação Unha e Carne, foi preso o então presidente afastado da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), o deputado estadual licenciado Rodrigo Bacellar (União Brasil). Nesta nova etapa, ele também é alvo de mandados de busca e apreensão.
A prisão de Bacellar foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes no último dia 3. Segundo decisão do STF, há indícios de que o parlamentar teria participado de uma organização criminosa e atuado no vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun. A Polícia Federal aponta que mensagens trocadas entre Bacellar e TH Jóias indicariam conhecimento prévio da ação policial e orientações para a retirada de materiais de interesse da investigação.
Operação Zargun
A Operação Zargun foi deflagrada em 3 de setembro e resultou na prisão de TH Jóias em um condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Ele é investigado por crimes como tráfico de drogas, corrupção, lavagem de dinheiro e negociação de armas, com suposta ligação com o Comando Vermelho.
De acordo com a investigação, TH Jóias teria utilizado o mandato parlamentar para favorecer o crime organizado, intermediando a compra e venda de drogas, armamentos e equipamentos destinados a comunidades dominadas pela facção, além de realizar indicações para cargos públicos. Na ocasião, foram expedidos 18 mandados de prisão preventiva, dos quais 15 foram cumpridos, além de 22 mandados de busca e apreensão em diferentes regiões da capital fluminense e na sede da Alerj.