Um relatório da Polícia Federal (PF) de São Paulo, produzido em 2023, foi fundamental para as investigações que resultaram na prisão de Gabriel Dias de Oliveira, conhecido como Índio do Lixão, e do ex-deputado estadual Tiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Jóias, na última quarta-feira (4).
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O documento, encaminhado à Superintendência da PF no Rio de Janeiro, indica que Índio adquiriu fuzis para o Comando Vermelho (CV) junto ao mesmo fornecedor utilizado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC). Segundo a PF, a empresa DDM Aviação Ltda. recebeu cerca de R$ 200 mil de Índio, em maio de 2022. A companhia é ligada a Angel Antonio Flecha Barrios, apontado como intermediário de facções no comércio ilegal de armas, preso no Paraguai em fevereiro de 2023.
As negociações teriam sido intermediadas por Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor, ex-líder do tráfico no Complexo do Alemão, que também era investigado pela PF. Ele foi encontrado morto em junho de 2023, com um disparo na cabeça, em circunstâncias apuradas pela Polícia Civil.
De acordo com as investigações, as transações ocorreram em 3 e 18 de maio de 2022. Na primeira, Índio teria adquirido dois fuzis por R$ 97,3 mil, pagos em 61 depósitos. Na segunda, dois rifles AR-10 foram comprados por R$ 95,4 mil, em 29 transferências.
As apurações integraram a Operação Dakovo, que resultou na prisão de Flecha Barrios no Paraguai. A operação revelou que armas de diferentes calibres eram importadas da Europa e da Turquia para o Paraguai e, posteriormente, repassadas a facções brasileiras. Segundo a PF, pelo menos 43 mil armas entraram no Brasil a partir desse esquema. A investigação teve início em 2020, após a apreensão de pistolas e munições em Vitória da Conquista (BA).
A PF no Rio também apura indícios de que integrantes do CV e aliados de TH Jóias planejavam lançar Índio do Lixão como candidato a vereador em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, reduto do traficante. Conversas interceptadas mostram que Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, ex-assessor de TH na Assembleia Legislativa do Rio, discutiu o tema com o ex-parlamentar e com o ex-subsecretário estadual de Defesa do Consumidor Alessandro Pitombeira Carracena, apontado como parte do núcleo político da facção.
Índio ganhou notoriedade por chefiar o tráfico na Favela do Lixão, em Duque de Caxias. Preso em 2015, voltou a atuar no crime após ser solto e, segundo o Ministério Público Federal (MPF), passou a viver no Complexo do Alemão, onde se tornou homem de confiança de Luciano Martiniano da Silva, o Pezão, chefe do CV na região.
Na última quarta-feira, além de TH Jóias e Índio, também foram presos Dudu, Carracena, o delegado federal Gustavo Stteel, que atuava no Aeroporto Internacional do Galeão, e três policiais militares.
Documentos obtidos pela PF, apontam que TH Jóias e Índio mantinham contato próximo com o influenciador Hytalo Santos, preso no mês passado por exploração sexual de menores e tráfico de pessoas.
Os três frequentavam festas juntos no Complexo do Alemão e trocavam favores. Em uma das conversas reveladas, Hytalo pediu a TH que intercedesse junto a Índio para intimidar uma mulher que o criticava em redes sociais. Em seguida, o próprio influenciador conversou diretamente com o traficante.
De acordo com as investigações, Índio acionou um comparsa conhecido como Bola Bola, que teria ameaçado a mulher até que ela apagasse as publicações. Após o episódio, Hytalo agradeceu ao traficante pelo apoio.