A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou nesta terça-feira (12) a Operação São Francisco, considerada pela corporação a maior ação já realizada no Brasil no combate ao tráfico de animais silvestres. Mais de mil agentes participaram da ofensiva, coordenada pela Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), que teve como base um ano de investigações sobre a atuação da maior organização criminosa do estado especializada nesse tipo de crime.
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Segundo a polícia, o grupo investigado mantém conexões interestaduais e há décadas abastece feiras clandestinas com animais retirados de seus habitats naturais. Foram identificados ao menos 145 suspeitos, incluindo caçadores, atravessadores, falsificadores de documentos, fornecedores de armas e consumidores finais. Durante a operação, foram expedidos mais de 40 mandados de prisão e 270 de busca e apreensão em diferentes regiões do Rio, além de endereços em São Paulo e Minas Gerais. Até a manhã, 17 pessoas haviam sido presas.
Entre os alvos está o deputado estadual TH Joias, preso anteriormente, apontado pelas investigações como comprador e intermediador de negociações de primatas brasileiros. Áudios obtidos pela Polícia Civil indicam que ele teria adquirido animais e apresentado novos clientes ao esquema.
As investigações também revelaram núcleos especializados dentro da organização, incluindo grupos que dopavam e comercializavam primatas, falsificadores que forneciam documentos e selos para dar aparência de legalidade aos animais, além de integrantes que garantiam o fornecimento de armas e munições para a quadrilha. A polícia identificou ainda conexões com facções criminosas responsáveis por facilitar a venda em áreas controladas pelo tráfico de drogas.
Os animais eram anunciados e negociados em redes sociais. Em conversas interceptadas, um macaco mão-de-ouro foi oferecido por R$ 3.500, enquanto um filhote de macaco-prego chegou a ser anunciado por R$ 4.500, com retirada em comunidades da capital.
A operação contou com apoio de diferentes unidades da Polícia Civil, além da Secretaria Estadual do Ambiente, Ministério Público, Instituto Estadual do Ambiente (Inea), Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal e Ibama.
Segundo o delegado André Prates Fraga, da DPMA, a investigação revelou uma estrutura complexa, com diferentes núcleos de atuação. Ele destacou ainda que a maioria dos animais traficados não sobrevive ao transporte.
Uma base foi montada na Cidade da Polícia para receber os animais resgatados, que serão avaliados por veterinários voluntários e encaminhados a centros de triagem para futura reintrodução na natureza.
Em declaração, o governador do Rio, Cláudio Castro, afirmou que “criminosos não terão paz no Rio”: 
“Hoje o Rio de Janeiro mostra, mais uma vez, que não vai recuar diante do crime organizado. Estamos falando de uma quadrilha que, além de destruir a nossa fauna e ameaçar a biodiversidade, também alimentava a violência com a venda de armamento pesado”, disse o governador.