Os ônibus da cidade do Rio de Janeiro passarão a adotar uma nova padronização visual, com o amarelo como cor predominante, seguindo o padrão já utilizado nos BRTs e nos táxis da capital. A medida foi definida pela Secretaria Municipal de Transportes (SMTR) e valerá para todos os veículos adquiridos pelas empresas que vencerem a próxima licitação do sistema de ônibus.
A capital já havia adotado um modelo de padronização em 2010, quando cada consórcio possuía uma cor específica: Intersul (amarelo), Internorte (verde), Transcarioca (azul) e Santa Cruz (vermelho). O padrão, no entanto, deixou de ser obrigatório em 2018, quando as viações passaram a ter identidade visual própria. Com a nova determinação, a uniformização visual volta a ser adotada.
Os atuais operadores também poderão utilizar o novo padrão, desde que a linha conte com frota totalmente composta por veículos novos. Um primeiro lote de 100 ônibus zero quilômetro já foi adquirido pela empresa Sancetur, que opera na Zona Oeste sob o nome fantasia Sou Rio. Os veículos chegaram à garagem no fim de novembro e serão apresentados oficialmente em um evento da prefeitura em Campo Grande.
Segundo o RioÔnibus, entidade que representa as empresas do setor, a mudança atende às diretrizes do poder público. A escolha do amarelo reforça uma identidade já presente na cidade, como nos táxis — cuja padronização é considerada patrimônio cultural desde 2017 — e nos BRTs, que passaram a adotar a cor após a administração do modal ser assumida pela Mobi-Rio, em 2022. Atualmente, mais de 700 veículos operam nos corredores Transcarioca, Transolímpica, Transoeste e Transbrasil com essa identidade visual.
“Muitas das vezes, o letreiro não é legível. Então é importante a cor da pintura do ônibus para identificá-lo. Quando padronizou da última vez, lá na Ilha do Governador, onde moro, foi horrível.” lembra o funcionário público Antônio Machado, desconfiado da novidade.
Especialistas em design destacam que a cor desempenha papel central na comunicação visual do transporte público. Para o designer gráfico e mestre em Artes pela Uerj, Maurílio Soares, a padronização deve priorizar a clareza para o usuário. Ele avalia que o amarelo é uma cor de alta visibilidade, mas defende a necessidade de elementos cromáticos diferenciados, principalmente na parte frontal dos veículos, para auxiliar na identificação das linhas e regiões atendidas.
— As cores, na maioria das vezes, auxiliam muito mais na identificação do que o próprio texto. É a primeira mensagem captada, a cor se vê de longe. A padronização, dessa maneira, dificulta a identificação. Considero fundamental que se tenha uma diferenciação cromática na parte frontal do ônibus — opina Maurílio. — O amarelo é uma cor viva, que chama a atenção. Tem essa facilidade na comunicação, mas é muito acesa e pode cansar pelo excesso.
O novo modelo prevê faixas coloridas para diferenciar áreas de operação: marrom para Bangu e Realengo; azul claro para a Barra da Tijuca; rosa para Jacarepaguá; verde para Anchieta, Grande Madureira e Grande Méier; azul escuro para Pavuna e subúrbios da Leopoldina; vermelho para a Ilha do Governador; e cinza para Grande Tijuca, Centro e Zona Sul. Essas faixas trarão ilustrações de pontos turísticos da cidade, como o Pão de Açúcar, os Arcos da Lapa, a Praça da Apoteose e a Igreja da Penha.
Motorista da linha 383 (Realengo—Praça da República), Valdir Ferreira diz que a mudança de cor pode afetar a identificação por usuários. “Muitos pegam ônibus pela cor, não pelo itinerário, principalmente os idosos.” — conta.
Já o aposentado Jorge Otávio cobra melhoria do serviço:
— Não adianta mudar a cor se a qualidade não mudar.