Rio: Polícia Civil realiza operação contra fraude em laudos de transplantes contaminados por HIV
A Polícia Civil do Rio de Janeiro deflagrou, na manhã desta segunda-feira (14), a primeira fase da operação “Verum”, conduzida pela Delegacia do Consumidor (DECON). A ação tem como objetivo identificar os responsáveis pela emissão de laudos falsos que levaram ao transplante de órgãos contaminados pelo HIV para seis pacientes no estado.
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Os casos envolveram seis receptores de órgãos, que receberam transplantes pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de doações de um homem e uma mulher. Foram emitidos laudos que atestavam a ausência do vírus HIV nos exames realizados em janeiro e maio deste ano. Os órgãos foram, então, liberados para doação e os pacientes receberam os transplantes. No entanto, em setembro, um dos pacientes testou positivo para o vírus, levantando suspeitas sobre a possível contaminação durante o processo.
A investigação, iniciada após a detecção do caso, foi conduzida pelo Hemorio, que verificou as amostras de sangue dos doadores armazenadas no banco de doação de órgãos. Os resultados indicaram a presença de HIV, contrariando os laudos iniciais. O laboratório de análises clínicas PCS LAB Dr. Saleme, responsável pelos exames que liberaram os órgãos para transplante, é um dos principais alvos da operação. A suspeita é que laudos tenham sido falsificados, já que foram encontradas irregularidades no carimbo utilizado para atestar a ausência do vírus nos resultados.
A operação “Verum” cumpre 11 mandados de busca e apreensão e quatro de prisão, tanto na cidade do Rio de Janeiro quanto em Nova Iguaçu. As autoridades esperam identificar e responsabilizar os envolvidos na suposta fraude, que expôs pacientes a um risco grave de infecção. A investigação continua para determinar a extensão das irregularidades e os possíveis impactos no sistema de transplantes.
A descoberta de laudos possivelmente falsificados em um processo tão delicado como o de transplante de órgãos levanta preocupações sobre a segurança e a integridade dos procedimentos realizados pelo SUS. A operação “Verum” visa garantir que os responsáveis por essa falha grave sejam levados à justiça e que a confiança no sistema de transplantes seja restaurada.
“Determinei imediatamente a instauração do inquérito, atendendo a determinação do governador para que os fatos fossem investigados com maior rigor e rapidez. Conseguimos elementos para representar pelas cautelares junto à Justiça em tempo recorde, para que os culpados sejam punidos com a maior celeridade”, explicou o secretário de Estado da Polícia Civil, Felipe Curi.
A Vigilância Sanitária interditou o laboratório responsável pelos testes. O laboratório PCS Lab Saleme informou em nota que “a defesa de Walter e Mateus Vieira, sócios do PCS Lab Saleme, repudia com veemência a suposta existência de um esquema criminoso para forjar laudos dentro do laboratório, uma empresa que atua no mercado há mais de 50 anos. Ambos prestarão todos os esclarecimentos à Justiça”.