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Rio tem um aumento de 800% nas queimadas no mês de Junho

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O estado do Rio de Janeiro tem um aumentaram de 800% nas queimadas em junho deste ano, em comparação com o mesmo período de 2023, conforme dados do Programa de Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). Especialistas alertam para os danos significativos que o fogo está causando à fauna e à flora da Mata Atlântica.

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Imagens de satélite da NASA mostram um mapa do estado pintado de vermelho, indicando os diversos focos de incêndios florestais recentes. A combinação de um clima excepcionalmente seco, que deixa a vegetação vulnerável, e a ação humana são as principais causas dessas queimadas. O município do Rio de Janeiro, por exemplo, está sem chuva significativa há 18 dias, segundo dados do Alerta Rio. A baixa umidade e as altas temperaturas para esta época do ano ressecam a vegetação, facilitando a propagação do fogo.

A falta de chuvas desde abril tem sido uma tendência em todo o Sudeste e Centro-Oeste do país. Sem causas naturais, como raios ou combustão espontânea, a totalidade dos incêndios foi provocada pela atividade humana, afirmam os especialistas. A chuva prevista para os próximos dias poderá aliviar a situação, mas o risco de fogo persiste, pois a estação seca está apenas começando, destaca o biólogo Izar Aximoff, autor de estudos sobre o impacto do fogo em áreas naturais.

No bioma da Mata Atlântica, o aumento de queimadas em junho foi de 150% em relação ao mesmo período de 2023. No acumulado do ano, o bioma registra um aumento de 48% nas queimadas em relação a 2023, enquanto no estado do Rio de Janeiro, o aumento é de 360%. Durante o último fim de semana e na segunda-feira, houve registros de focos de incêndio espalhados por praticamente todo o estado, com destaque para o Vale do Paraíba e a Região Metropolitana, próximos aos parques Nacional da Tijuca e Estadual da Pedra Branca.

Um incêndio no Parque Nacional do Itatiaia (PNI) na semana passada destruiu 300 hectares de flora rara e endêmica. As causas do incêndio estão sendo investigadas, mas sabe-se que o fogo começou em uma área isolada utilizada para treinamento de cadetes do Exército.

Carlos Dário Moreira, gestor do Parque Estadual da Pedra Selada (PEPS) em Visconde de Mauá e experiente no combate a incêndios florestais, destaca que a negligência humana é a principal causa das queimadas. Entre as causas mais comuns estão a queima de lixo, pasto e plantações, o uso de fogareiros perto da vegetação, e até mesmo brasas de cigarro. Junho também traz o perigo dos balões, que continuam a ser soltos ilegalmente.

Moreira e sua equipe de brigadistas estão realizando ações preventivas de monitoramento de possíveis focos de incêndio e notificando a população sobre os riscos. Embora menores em comparação com os incêndios no Pantanal e no Cerrado, os focos na Mata Atlântica causam impactos significativos. Eles afetam a qualidade do ar nas cidades e destroem a fauna e flora do bioma mais ameaçado do Brasil, que hoje tem apenas 12,4% de sua cobertura original.

“Na área de Mata Atlântica, cada galho importa. Não sobrou quase nada e é nela que vivem mais de 70% dos brasileiros. Quando perdemos uma árvore, perdemos água”, destaca Carlos Eduardo Grelle, professor do Departamento de Ecologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador de biodiversidade do Instituto Caminho da Mata Atlântica.

Aximoff e Grelle salientam que quase não se fala do impacto do fogo sobre a fauna e a flora da Mata Atlântica.

“Só é registrada a área. Mas não existem inventários do que se perdeu. O bioma tem espécies muito raras e exclusivas, que vivem em áreas pequenas. O fogo sempre é uma ameaça”, alerta Aximoff.


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