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Rio: Bicheiro Rogério Andrade é preso por mandar matar rival

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O contraventor Rogério Andrade, preso nesta terça-feira (29) pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), deverá ser transferido para um presídio federal de segurança máxima, conforme determinação da 1ª Vara Criminal do Tribunal do Júri. Acusado de ordenar o assassinato de seu rival, Fernando Iggnácio, fuzilado há quatro anos, Andrade terá que cumprir sua pena em um estabelecimento prisional federal.

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A prisão de Rogério Andrade e de Gilmar Eneas Lisboa faz parte da Operação Último Ato, realizada pelo MPRJ, que acusa o contraventor de liderar uma organização criminosa envolvida em crimes como homicídio, corrupção, contravenção e lavagem de dinheiro. A sentença aponta que Andrade possui, inclusive, contatos dentro de órgãos de segurança estaduais para garantir a continuidade de suas atividades ilícitas. Patrono da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel, Andrade será levado inicialmente ao presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, onde passará por audiência de custódia, antes de ser encaminhado ao Complexo de Gericinó e, em seguida, transferido para o sistema federal.

A rivalidade entre Rogério Andrade e Fernando Iggnácio remonta à década de 1990, quando ambos disputavam o comando do jogo do bicho no Rio. Andrade, sobrinho de Castor de Andrade, viu-se em confronto direto com Iggnácio, genro e sucessor de Castor, especialmente após a morte do patriarca em 1997. A escalada de violência resultante dessa disputa familiar culminou em pelo menos 50 mortes ao longo dos anos. Em 10 de novembro de 2020, Iggnácio foi emboscado e assassinado no Recreio dos Bandeirantes, pouco após desembarcar de um helicóptero vindo de Angra dos Reis. As investigações indicam que Rogério Andrade é o responsável pelo planejamento do crime.

Nos últimos anos, Rogério Andrade foi alvo de diversas ações judiciais e operações policiais, entre elas a Operação Calígula, que expôs uma rede de corrupção e dominação territorial para a exploração de jogos de azar. Andrade chegou a ser monitorado por tornozeleira eletrônica, sob determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), até que em abril deste ano o dispositivo foi removido, após uma decisão do ministro Kassio Nunes Marques.

Documentos obtidos pelo MPRJ revelam que Andrade expandia seu império com mão de ferro, consolidando o domínio territorial com violência e corrupção em áreas estratégicas. A Operação Calígula, deflagrada pelo MPRJ em maio de 2022, resultou na prisão de mais de 14 envolvidos, incluindo delegados que supostamente colaboravam com a organização criminosa. Com a prisão e a iminente transferência para uma prisão federal de segurança máxima, as autoridades esperam interromper a trajetória de poder de um dos maiores nomes do submundo carioca.

“Motivo pelo qual a transferência para presídio federal com RDD (Regime Disciplinar Diferenciado) se mostra necessária para impedir eventual interferência do denunciado na colheita de provas e na intervenção de investigações em face de outros envolvidos”, determina o documento.

A nova fase do caso lança luz sobre a batalha contra o crime organizado no Rio, com destaque para o enfrentamento a grupos historicamente enraizados no estado, numa luta que, segundo o MPRJ, envolve não só a prática reiterada de crimes, mas também a conivência de membros da segurança pública.


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