A despoluição da Baía de Guanabara pode representar um impacto bilionário para a economia do Rio de Janeiro, ao ampliar o turismo e a exploração sustentável de suas praias. A estimativa é apresentada no documentário “Quanto Vale o Azul?”, dirigido pelo cineasta e biólogo marinho Ricardo Gomes, presidente do Instituto Mar Urbano.
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O filme, patrocinado pela Oceanpact, foi exibido em junho durante a 3ª Conferência do Oceano da ONU, em Nice, na França, e teve uma sessão restrita nesta quarta-feira (3), no Rio. Segundo um estudo conduzido pela Faculdade de Economia da UFRJ, a movimentação econômica associada à Baía e seus atrativos turísticos alcança atualmente cerca de 1 bilhão de dólares por ano. Com a meta de atingir 90% de coleta e tratamento de esgoto até 2033, o potencial de geração de renda tende a aumentar.
A produção traz imagens inéditas da costa carioca e registra episódios como o resgate de uma raia-prego de 70 quilos, adquirida por R$ 10 de pescadores e devolvida ao mar. A cena serve de exemplo para discutir a valorização da biodiversidade marinha. Em países como a Indonésia, espécies similares são protegidas por lei e movimentam o turismo de mergulho, gerando receitas expressivas.
O documentário também aborda o histórico de exploração da fauna marinha no Brasil, como a caça às baleias no período colonial, e contrapõe essa prática ao crescimento das atividades de observação de animais, que hoje atraem visitantes e fortalecem a chamada “economia azul”. O conceito integra desenvolvimento econômico e preservação ambiental.
Entre os exemplos apresentados está a startup brasileira Grisea, criada em 2021, que produz bioplásticos a partir de algas marinhas de forma sustentável. A iniciativa é apontada como uma das inovações da biotecnologia azul.
A obra reúne entrevistas de especialistas como Gunter Pauli, referência mundial em economia azul, Carlos Eduardo Young, professor da UFRJ, e o economista e ambientalista Sergio Besserman. A trilha sonora foi composta por Pedro Luís e a narração é da atriz Maria Clara Gueiros.
Após sua exibição internacional em espaços como o Pavilhão do Conhecimento, em Lisboa, e o Museu do Mar Rei Dom Carlos I, em Cascais, o documentário inicia sua circulação no Brasil. Estão previstas sessões no Museu do Jardim Botânico, no Seminário Cidades Verdes da Firjan e, futuramente, na COP30, em Belém. A programação será divulgada pelo perfil @institutomarurbano.
— Por mais que uma pessoa que vive longe da praia pense que não se relaciona com o oceano, cada vez que bebemos um gole d’água, respiramos ou tocamos a descarga da nossa casa, por exemplo, estamos conectados com o oceano. Temos que começar a entender que não existe forma de vida no planeta que sobreviva sem um oceano saudável. E esse filme aborda a importância do oceano e diversas formas de usos sustentáveis desse ecossistema que estamos vendo, aprendendo e descobrindo hoje. Então, é um filme que marca muito. Atualmente, se está falando muito de economia azul; parece que é uma coisa que está distante, mas trazemos isso para a nossa realidade, para a Baía de Guanabara, que representa, para nós do Rio de Janeiro, o oceano — enfatiza Ricardo.