Três dias após a megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio de Janeiro, 109 dos 117 suspeitos mortos foram identificados por uma força-tarefa de peritos do Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro da cidade.
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Em coletiva concedida na manhã de quinta-feira (31), o secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, apresentou um balanço com base nos 99 nomes confirmados até aquele momento — número considerado oficial pela corporação. Segundo ele, 78 dos mortos possuíam antecedentes criminais por delitos graves, como homicídio, tráfico de drogas, organização criminosa e roubo. Desses, 42 tinham mandados de prisão em aberto.
Um dado que chamou a atenção das autoridades foi a presença expressiva de suspeitos vindos de fora do estado: ao menos 54 eram de outros estados brasileiros. Parte deles era apontada como liderança do Comando Vermelho (CV) em seus territórios de origem.
De acordo com o levantamento da Polícia Civil, entre os mortos estavam 13 suspeitos do Pará, sete do Amazonas, seis da Bahia, quatro de Goiás, quatro do Ceará, três do Espírito Santo, um do Mato Grosso e um da Paraíba.
“Alguns exemplos muito sensíveis que eu vou trazer para vocês aqui. Do Espírito Santo, Russo, chefe do tráfico em Vitória. Do Amazonas, Chico Rato e Gringo, chefes do tráfico em Manaus. Da Bahia, Mazola, chefe do tráfico de Feira de Santana. De Goiás, Fernando Henrique dos Santos, chefe do tráfico naquele estado.” disse Felipe Curi.
Curi ressaltou ainda que, nos últimos anos, os complexos da Penha e do Alemão se tornaram o principal centro de comando do Comando Vermelho no país.
— Os complexos da Penha e do Alemão, até aquela ocupação de 2010, eram o QG (quartel-general) do Comando Vermelho apenas aqui no Rio. Essa constatação de hoje mostra que esses locais passaram a ser o QG do Comando Vermelho em nível nacional. São desses complexos que partem todas as ordens, decisões e diretrizes da facção para os outros estados.
De acordo com a Polícia Civil, nenhum dos mortos havia sido denunciado pelo Ministério Público do Rio no processo que embasou a operação. Entre os identificados, estão nomes considerados de alta periculosidade em seus estados.
Alison Lemos Rocha, conhecido como “Russo”, de 27 anos, era apontado como chefe do tráfico no bairro Barro Branco, em Serra (ES). Francisco Machado dos Santos, o “Macaco”, seria um dos líderes do tráfico de Manaus. Ele havia sido preso em janeiro com armas e drogas e tinha dois mandados de prisão em aberto — um por homicídio qualificado e outro por tráfico de drogas e posse ilegal de arma.
Outro nome identificado foi o de Rafael Correa da Costa, o “Rafael Sorriso”, considerado o principal líder do CV em Abaetuba (PA). Ele acumulava cinco mandados de prisão por crimes como homicídio, roubo e extorsão.
De Goiás, Marcos Vinícius da Silva Lima, apontado como chefe do tráfico em Itaberaí, e Keven Vinicius Sousa Ramos, condenado a nove anos por tráfico, também estavam entre os mortos. Outro foragido de Goiás, Adan Pablo Alves de Oliveira, de 28 anos, tinha condenação de 16 anos por homicídio.
Já Brendon Cesar da Silva Souza respondia por participação em dois assaltos a ônibus e havia sido condenado duas vezes pelo mesmo tipo de crime. Em um dos casos, ocorrido em 2019, ele e comparsas chegaram a morder o dedo de uma vítima para roubar uma aliança.