A paralisação dos motoristas da Real Auto Ônibus e da Transportes Vila Isabel foi encerrada no início da tarde desta terça-feira (17), após negociação entre trabalhadores e representantes das empresas. O movimento afetou 20 linhas de ônibus que ligam a Zona Norte e o Centro à Zona Sul, além de bairros da Zona Oeste e da recém-intitulada Zona Sudoeste, como Barra da Tijuca e Recreio.
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Segundo o Sindicato dos Rodoviários, o acordo incluiu o pagamento de férias e do vale-alimentação. Já o FGTS, outra reivindicação dos funcionários, será quitado em duas parcelas a partir de sábado. Durante a manhã, a paralisação provocou filas em terminais importantes, como o Procópio Ferreira, próximo à Central do Brasil, e o Gentileza, ao lado da Rodoviária.
As duas empresas, que estão em recuperação judicial, uniram recentemente suas operações e já compartilhavam linhas, como a 163 (Terminal Gentileza–Copacabana) e a 222 (Vila Isabel–Gamboa).
Mais cedo, o prefeito Eduardo Paes classificou o movimento como “picaretagem” e “palhaçada”. Em vídeo publicado em suas redes sociais, afirmou que os repasses de subsídios municipais estão em dia e destacou que desde 2022 já foram destinados R$ 2,8 bilhões às empresas, com aumento no valor pago por quilômetro rodado.
Paes também disse que a prefeitura intensificou a fiscalização e que o corte de pagamentos ocorre apenas em casos em que o serviço contratado não é entregue.
— Claro que esse aumento (no subsídio) vem acompanhado de uma gestão mais rigorosa e exigente do serviço prestado. As adequações do plano operacional, (com) a redução das viagens no entrepico, buscam justamente isso: uma maior eficiência do sistema. E tiveram um impacto muito pequeno no total pago. O que a gente está vendo é que, à medida que a gente vai fiscalizando; nós temos o Jaé agora, o controle; os sensores de ar-condicionado, a gente começa a glosar (rejeitar). Você paga por um serviço, e o serviço não é entregue, você começa a glosar — afirmou Eduardo Paes em vídeo publicado no X e no Instagram.
De acordo com a Secretaria municipal de Transportes (SMTR), “o repasse de subsídios da Prefeitura aos consórcios está em dia”. A partir do acordo com os empresários, ficou definido que linhas que não cumprem a quilometragem mínima exigida pelo município não recebem subsídio. O prazo da concessão, que ia até 2030, também foi encurtado e vale até 2028. A cidade será dividida em dezenas de áreas, com o primeiro lote, que engloba a Zona Oeste, previsto para ser licitado ainda este ano.
— Essa é mais uma picaretagem das empresas de ônibus. A vida delas está ficando cada dia mais complicada, mas não é por falta de pagamento. É porque acabou a farra delas — completou o prefeito. — Tenho uma péssima notícia para eles: vai continuar assim. A gente vai ficar em cima de vocês, para que prestem um serviço adequado à população.
Em nota, o RioÔnibus informou que os subsídios permitiram a compra de 2.800 veículos, a retomada de 160 linhas e a contratação de 1.600 rodoviários. A entidade, no entanto, criticou a redução de 20% na grade de viagens e de 40% no valor do subsídio pago, alegando descumprimento contratual e desequilíbrio econômico para o setor.
O porta-voz do RioÔnibus, Paulo Valente, rebateu as falas do prefeito e afirmou que os recursos recebidos são investidos integralmente no sistema. Ele também criticou ajustes operacionais e a instalação de sensores de ar-condicionado, usados como parâmetro para o pagamento dos subsídios, argumentando que as mudanças tornam a programação inviável em alguns horários.
— A programação vem sendo feita por uma pessoa que não está acostumada a operar ônibus. É muito fácil (a prefeitura) olhar dados estatísticos (para determinar a operação das linhas). Mas ônibus não é teletransportado. Tem que ter lugar para estacionar, banheiro para os motoristas… o avião que vai para Nova York, por exemplo, tem que voltar para o Brasil. Hoje, é como se eu só tivesse voos para Nova York e não tivesse de volta para o Rio de Janeiro — observa Paulo Valente. — Depois do acordo feito, a prefeitura deu um jeito de fazer com que o valor do subsídio fosse reduzido, para caber dentro do seu orçamento.
As linhas operadas pela Real e pela Vila Isabel atendem áreas da Zona Norte, do Centro, da Zona Sul e da Zona Oeste, incluindo o Terminal Gentileza, que concentra parte do fluxo de passageiros da cidade.