Lourival Correa Netto Fadiga, conhecido como ‘Gordo’ ou ‘Fatica’, é apontado pela Polícia Civil como o mentor do sequestro de Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 54 anos. Utilizando seus conhecimentos em tecnologia da informação, Fadiga tentou evitar rastros durante o crime. A polícia destacou um longo período de desconexão do celular de Lourival entre 9h19 e 15h36 do dia 29 de fevereiro, data em que Anic foi vista pela última vez.
Segundo o relatório policial, Fadiga, ao se encontrar com Anic no shopping de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, desligou seu celular. No entanto, ele precisou se comunicar com sua advogada e, para isso, utilizou um segundo chip. Esse chip foi rastreado no mesmo horário e local onde Lourival estava com seu carro, nas proximidades do shopping.
A análise dos dados de telefone revelou a ligação de Rebecca Azevedo dos Santos, amante de Lourival, com o crime. Entre 28 de fevereiro e 18 de março, período que abrange o dia do sequestro até dois dias após a prisão de Lourival, ele fez e recebeu 166 ligações de Rebecca. Só no dia do crime, foram 17 ligações entre eles.
Advogada Confiava em Lourival
A investigação da 105ª DP (Petrópolis) sobre o desaparecimento de Anic revelou um possível envolvimento amoroso entre ela e Lourival. Testemunhas, incluindo um vendedor de produtos eletrônicos em Ciudad Del Este, Paraguai, relataram ter visto os dois como um casal.
A Polícia Civil suspeita que Anic pode ter inicialmente participado do plano de seu próprio sequestro, mas há fortes indícios de que ela foi assassinada e seu corpo ocultado. Até agora, quatro pessoas estão presas pelo crime:
Lourival Correa Netto Fadiga: Preso em 20 de março, quando retornava de Foz do Iguaçu, Paraná.
Henrique Vieira Fadiga: Filho de Lourival, acusado de participar da compra dos dólares para o falso resgate. Ele esteve com o pai e a irmã, Maria Luíza, na compra de um veículo de luxo na Barra da Tijuca.
Maria Luíza Vieira Fadiga: Filha de Lourival, acusada de lavar o dinheiro do sequestro e negociar celulares comprados pelo pai no Paraguai.
Rebecca Azevedo dos Santos: Amante de Lourival, acusada de intermediar a compra de celulares no Paraguai, abrigar Lourival após o sequestro e ajudar a ocultar provas.
A Polícia Civil e o Ministério Público do Rio continuam as investigações, tentando localizar o corpo de Anic e esclarecer todos os detalhes do crime.
O que dizem os citados
Em nota, a defesa de Lourival afirmou que ainda não foi formalmente notificada da acusação e que “somente se manifestará perante o judiciário”. O advogado Paulo Tostes disse ainda que “acredita que irá comprovar durante a instrução criminal que a acusação se deu de forma açodada e que os verdadeiros eventos não foram apurados, crendo na improcedência dos fatos atribuídos a seu cliente”.
A defesa de Maria Luiza e Henrique afirmou que a prisão dos jovens é uma “medida que se mostra completamente descabida e desprovida de qualquer fundamento jurídico”, uma vez que as investigações “não apresentaram nenhuma prova concreta que os incrimine. Ao contrário, todas as evidências colhidas apontam para a total inocência dos jovens”, destacaram os advogados Vinícius Santos e Vinícius Frutuoso.
Os advogados de Rebecca afirmaram que a cliente não tem qualquer participação no crime. “Manifestamos nossa preocupação com a forma açodada como a prisão de Rebecca foi decretada. Parece evidente que, neste caso, a prisão está sendo utilizada indiscriminadamente, prendendo todos aqueles que tiveram algum contato com o Sr. Lourival”, disse os advogados Carlos Augusto do Santos e Raphael de Souza.
Em nota, a família de Anic, através do advogado que representa a família, falou sobre o medo e os momentos de angústia vividos desde então. “Além dessa angústia, estão receosos e com medo, pois, da forma como o desaparecimento ocorreu, o marido e os filhos não sabem o que esperar das pessoas envolvidas. Têm medo do que elas são capazes de fazer. Mas, definitivamente, o que mais tem atingindo os familiares é a profunda saudade da presença de Anic em suas vidas”.